Roda de conversa sobre mercado editorial é um dos destaques no último dia do evento
A Favela Literária do Amapá 2024, realizada no SEBRAE-AP como parte da Expo Favela Innovation, encerrou suas atividades neste sábado, dia 10 de agosto, após três dias de intensas trocas culturais e literárias. Com uma programação diversificada, o evento foi marcado por saraus, contações de histórias, lançamentos de livros e rodas de conversa que reuniram escritores, poetas, editores e o público em geral para discutir e celebrar a produção literária periférica do estado.
Na manhã deste sábado, último dia de evento, a roda de conversa "Desafios e Perspectivas do Mercado Editorial no Amapá" foi um dos pontos altos da programação, reunindo figuras importantes do cenário literário local. Entre os participantes estavam os editores da Revista Literária e Editora O Zezeu, Lulih Rojanski e Silvio Carneiro, além dos escritores Bruno Muniz e Wirle Santos (Olili), que contribuíram com suas experiências e visões sobre o futuro da literatura no estado. A conversa foi mediada pela talentosa atriz e contadora de histórias, Lorrana Maciel.
Lulih Rojanski, conhecida por seu trabalho de escritora dentro e fora do Amapá, destacou a importância de fortalecer as redes de apoio entre autores, enfatizando que o mercado editorial amapaense ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito à distribuição e visibilidade das obras produzidas na região. Ela ressaltou a necessidade de criar estratégias coletivas para superar essas barreiras, mencionando iniciativas como a coleção Folia de Livros, projeto da Editora O Zezeu em parceria com o Governo do Estado, que busca dar espaço e voz a escritores amapaenses com o lançamento de dez obras de autores locais durante a Folia Literária Internacional do Amapá que acontecerá em novembro.
Silvio Carneiro, jornalista e editor do Zezeu, acrescentou ao debate a perspectiva da resistência cultural, enfatizando que o trabalho da editora vai além da simples publicação de livros. "Estamos falando de uma construção identitária, de preservar e difundir as histórias que nascem aqui, nas periferias do Amapá, e que muitas vezes são invisibilizadas pelos grandes centros editoriais do país", afirmou. Ele também compartilhou os desafios enfrentados na execução de projetos gráficos e na curadoria de obras que refletem a diversidade cultural da Amazônia, destacando a importância de eventos como a Favela Literária para fortalecer a cena literária local.
Bruno Muniz e Wirle Santos (Olili) trouxeram à tona questões relacionadas ao acesso ao mercado editorial, discutindo as dificuldades enfrentadas por eles, enquanto escritores emergentes, na publicação de suas obras. Eles defenderam a importância de iniciativas colaborativas e a busca por novas plataformas de divulgação, como o uso estratégico das redes sociais, para alcançar um público mais amplo e diverso.
A roda de conversa foi mediada por Lorrana Maciel, que guiou o diálogo de maneira fluida, permitindo que os participantes explorassem profundamente as complexidades do mercado editorial no Amapá. O público presente participou ativamente, contribuindo com perguntas e reflexões que enriqueceram ainda mais o debate.
Ao final do evento, ficou evidente o consenso entre os participantes sobre a necessidade de uma maior articulação entre autores e agentes culturais para promover a literatura produzida no Amapá dentro e fora do estado. A Favela Literária 2024 cumpriu seu papel de ser um espaço de reflexão e celebração da cultura periférica, encerrando suas atividades com a certeza de que a produção literária do Amapá segue forte, resistente e, acima de tudo, relevante.
Com este saldo positivo, a Favela Literária se consolida como um dos eventos mais importantes do calendário cultural do Amapá, deixando um legado de inspiração e um chamado à ação para todos os envolvidos na cena literária local. O evento mostrou que, mesmo diante das adversidades, a literatura amapaense continua a se reinventar, sempre buscando novas formas de contar suas histórias.
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