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Foto do escritorSilvio Carneiro

Para não esquecer, o novo livro de Alcinéa Cavalcante


Há um canto da cidade que sempre me chama, mesmo quando estou longe. É aquele trecho da orla do Araxá, onde os macapaenses comem abacaxis frescos e tomam água de coco gelada após caminhar e se exercitar. Ali, perto do Rod's e do parquinho onde as crianças brincam de pé na areia. Aquele trecho onde, por mais que ajeitem, sempre está com os muros de arrimo desgastados pelo tempo e pelas águas, ora serenas, ora violentas, do velho Amazonas. Ali, sentado e olhando toda a extensão da orla do Santa Inês, sinto a saudade apertar o peito, mas também um conforto inexplicável. Saudade de histórias que vivi ao longo dos meus últimos vinte anos morando aqui em Macapá. Conforto de saber que ainda estou vivendo num lugar tranquilo, em comparação com outras capitais aqui do Norte.


A saudade tem esse poder de nos transportar para lugares que marcaram nossa alma. Não é apenas a ausência de algo ou alguém, mas a presença constante de memórias que insistem em viver dentro de nós. E é essa presença que os textos jornalísticos de Alcinéa Cavalcante, em seu mais novo livro, Para Não Esquecer (O Zezeu; 2024), têm o poder de resgatar, trazendo à tona a importância de um lugar na vida das pessoas.


A escritora e jornalista, com sensibilidade rara, não se limitou a narrar os fatos das várias histórias que permeiam o livro e que foram publicados originalmente no seu blog de notícias. Ela mergulha nas histórias dos personagens, nas lembranças vividas, nos primeiros encontros e nas despedidas silenciosas. Cada palavra é um convite para reviver aqueles momentos, para sentir a saudade de um tempo que não volta mais e que emocionam mesmo aqueles que, como eu, não viviam aqui há mais de duas décadas.


É isso que torna a saudade tão poderosa nos textos jornalísticos de Alcinéa. Ela nos conecta com o passado, nos faz refletir sobre o presente e, de certa forma, nos prepara para o futuro - quais rumos poderão tomar a nossa cidade daqui pra frente?


Ao resgatar a memória de uma Macapá quase onírica, Alcinéa informa e emociona, cria laços invisíveis entre o leitor e a história contada.


E assim, sentado na mureta do Araxá, deixo-me levar pelas lembranças até daquilo que não vivi, graças à saudade e à habilidade de quem sabe contar histórias.


Alcinéa Cavalcante, com sua prosa delicada e profunda, nos ensina que a saudade é uma ponte entre o que fomos e o que somos, entre o que vivemos e o que ainda desejamos viver. E é essa ponte que os textos jornalísticos devem construir, resgatando a memória dos lugares que moldaram nossas vidas.



Serviço:


Livro: Para não esquecer

Autora: Alcinéa Cavalcante

Ano: 2024

Editora: O Zezeu

Venda: Em Macapá, o livro pode ser adquirido diretamente com a autora através do contato (96) 99971-2861 ou no site da editora (ozezeu.com/loja). Para outras localidades, o livro está disponível em https://www.martinsfontespaulista.com.br/para-nao-esquecer-1125889/p Preço: R$50 (pode incluir frete adicional)

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