Em "Poesia Para Vilarejos", Bruno Muniz nos brinda com uma imersão artística que ultrapassa as fronteiras da literatura convencional. Com sua maestria literária, Bruno nos entrega uma obra que se posiciona tanto como poesia quanto como arte visual, onde cada poema abre portas para um universo repleto de significados profundos e emoções intensas.
A obra é formada por 45 poemas, cada um enriquecido por ilustrações de talentosos artistas amapaenses. "Poesia Para Vilarejos" é expressão máxima de liberdade criativa e uma homenagem à literatura e às artes em geral. Nossa mente de gente comum, sempre tão acostumada às convenções, sempre pensa num livro como um objeto formado por uma capa e uma pilha de folhas de papel encadernadas e coladas. Aí vem a mente incomum do artista e faz de cada poema uma peça independente, rompendo com as amarras do formato tradicional. As folhas soltas, meticulosamente ilustradas, convidam o leitor a construir sua própria sequência, a tecer uma narrativa pessoal baseada nas emoções evocadas por cada poema. Até existe uma ordem preestabelecida. Até existe um índice que, como o nome já diz, indica os caminhos possíveis a seguir como num livro tradicional. Mas como um Tarô surrealista formado de poemas, formas e cores, a obra de Bruno nos convida a embaralhar tudo e tirar à sorte, o "poema do dia".
Para quem necessita dessa coisa obssessivo-compulsiva de manter tudo em ordem, o livro se divide em duas partes: A primeira, intitulada "A arte às vezes me constrange", conduz o leitor por uma profunda viagem interior. Poemas como "A obra-prima do poeta" e "O poema mal-agradecido (porque quem escolhe o título ainda é o poeta)" expõem a incansável busca do autor pela excelência poética, sempre permeada por um tom de humildade e introspecção. Bruno brinca com as palavras, desconstruindo e reconstruindo sentimentos e percepções, criando um jogo literário que desafia o leitor a reavaliar o conceito de poesia.
A segunda parte, "Almae Poemius Floriata", exibe uma leveza e delicadeza que contrastam com a intensidade anterior. Poemas como "Um fingidor de rosas" e "A luz que espanta" mostram o lado mais contemplativo e sensível do poeta. Aqui, Muniz se permite refletir sobre a simplicidade das pequenas coisas, sobre os rastros deixados pelas experiências vividas e sobre a beleza que se revela nos detalhes mais sutis do dia a dia.
A escolha de Bruno Muniz em apresentar seus poemas de forma tão única, em folhas soltas e ilustradas, reflete sua visão de liberdade artística. O único elemento fixo é um pequeno livreto que introduz a obra, os artistas e o sumário, atuando como um ponto de referência em meio às infinitas possibilidades que a obra proporciona.
Manoel Bispo, na introdução da obra, destaca a criatividade e versatilidade de Bruno, descrevendo sua poesia como "um exercício prazeroso, de um artesão em constante busca pela perfeição". De fato, ao mergulhar em "Poesia Para Vilarejos", o leitor é convidado a participar dessa busca, explorando os limites da poesia e se perdendo – e se reencontrando – nos vilarejos mágicos que Bruno constrói com suas palavras.
Assim, "Poesia Para Vilarejos" é uma obra que instiga, provoca e encanta. É um convite à liberdade de sentir, criar e interpretar. Bruno Muniz nos oferece um vasto universo de possibilidades poéticas, onde cada página representa uma nova descoberta e cada leitura, uma nova aventura.
PS.: Fiquei feliz de rever alguns poemas já publicados aqui no Zezeu, na coluna do Bruno e saber que, de uma forma ou de outra, também fazemos parte deste Tarô poético...
Nos pequenos detalhes mora a felicidade, e nos pequenos momentos gozamos do essencial.
Eu diria que saber aproveitar, apreciar a verdadeira felicidade é ser próspero por natureza daquilo que realmente importa. Não nos limitamos em muito acharmos ,mas sim em ser quem realmente achamos quem somos. Abraços Bruno Muniz
Gratificante te ler...