Caramelo
Lidiane Almeida
Noventa e seis horas...estimaram
Imóvel, rijo, hirto
Majestosamente impotente
E foi assim que te mostrasse.
Aquele teu olhar, ora monocular, ora binocular
Sustentou teus pensamentos no infinito de incertezas
Transcendendo em furta-cor
A profundidade da tua solitária dor.
És o símbolo da resistência
Um telhado, apenas um, fez-se ilha
E tu, cavalo Caramelo
Fez-se a representatividade do povo do Rio Grande do Sul.
Faminto, sedento estavas
Mas resiliente, ali ficavas
Eis que a tua redenção se deu por anjos e um bote
Não, Caramelo, não foi sorte.
Foi um país inteiro que orou, vibrou
Que sugeriu, prometeu, publicou
Esse é o Brasil que se mobilizou, chorou
O povo varonil que te adotou e definitivamente te amou.
(Poema dedicado ao cavalo Caramelo que foi resgatado na cidade de Canoas (RS), em meio às enchentes que assolaram a região nos meses de abril e maio de 2024).